
Volnei Prado, 43, é professor de Educação Física e um dos fundadores da HF, em 2003. Desde bem jovem foi um praticante assíduo de esportes e, em determinado momento, resolveu incluir a corrida em suas práticas. Quinze anos mais tarde, vive a corrida todos os dias, seja na administração da HF, treinando para provas mundo afora ou orientando atletas de todos os níveis. Aqui, ele conta um pouco dessa trajetória vitoriosa e de como a corrida o leva a trabalhar de uma maneira muito mais prazerosa.
Como tudo começou
Fui atleta de basquete e pratiquei esporte a vida toda. Estudei Administração por três períodos, já trabalhava e aí eu fiquei parado com os treinos, cheguei a engordar, pesava 105 quilos por volta de 1997,1998. Foi quando em um churrasco de amigos, a gente brincou de fazer a volta da Pampulha e os dois últimos a chegar pagariam uma caixa de cerveja. E foi aí que começou a brincadeira. O ano? 2000. Se eu paguei cerveja? Claro que não…
O que mudou nesses 15 anos
A gente foi praticamente pioneiro entre as assessorias de BH. O número de praticantes de corrida era bem reduzido também, então, naquela época, só procurava assessoria quem gostava de treinar e queria fazer marcas pessoais. Com o passar dos anos, os perfis foram mudando. Tem muita gente que quer correr pelo lado social, pra emagrecer, melhorar o condicionamento. O número de atletas hoje focado em resultados e performance é menor que no início
A assessoria como um negócio
Na época que comecei a correr, não existiam assessorias e a gente corria em um grupinho de amigos. O Heleno já fazia triathlon e cursava Educação Física. Aí, em 2002 eu também entrei pra Educação Física, comecei a estudar, porque eu tinha sido atleta há muito tempo e gostava muito. Passei a dar aula de spinning e personal. Foi aí que eu e o Heleno tivemos a ideia de nos juntar: ele com alguns alunos, eu com outros. Resolvemos juntar todos e começar a treinar.
A corrida e a maturidade
A experiência me mostra que a maior parte dos jovens entre 18 e 23 anos, que estão na faculdade, fazem, no máximo, uma academia. Olhando o perfil dos alunos das escolas, percebo que antigamente eles brigavam pra fazer as aulas de Educação Física, e hoje eles brigam pra não fazer. Acho que a tecnologia influencia muito nisso e também a questão financeira. Muitos pensam que ao invés de pagarem por uma atividade física, podem usar esse dinheiro pra comprar uma roupa ou ir a uma festa. Eles não entendem que isso seria um investimento a longo prazo.
O marketing da corrida
A própria imposição de algumas marcas foi responsável pela mudança da mecânica da corrida, a questão da forma como as pessoas pisam, o tamanho dos amortecedores. Pra mim é um grande movimento de marketing. Na minha opinião é isso que começa a vender e transforma a corrida em um esporte mais complexo do que ela é na verdade. Tem alguns tênis que melhoram a performance e custam muito caro. Tem fila de espera pra comprar e o tênis está em falta. O produto pode ser bom, mas será que justifica?
O cenário da corrida de rua em BH
Tem espaço pra muita gente correr ainda. Nem 30% das pessoas que se inscrevem em provas de rua treinam em uma assessoria. A maioria é composta por pessoas que provavelmente acham que não precisam de alguém que os ajude a correr. O caminho para procurar uma assessoria é esse: quando uma pessoa não consegue mais passar do ponto em que ela chegou, ela vai querer uma ajuda e vai procurar as assessorias. Na HF, pensamos em um treino exatamente do jeito que o aluno precisa, de forma que ele realize de maneira correta e, com isso, ele melhora.
Treinador x Corredor
O Volnei corredor tem muitos alunos parecidos com ele, então, muitos vão fazer as mesmas coisas, vão ter a oportunidade de treinar junto comigo, porque estão praticamente no mesmo nível, com objetivos parecidos. Já o Volnei treinador tem que lidar com todo tipo de aluno, desde o iniciante até o aluno profissional; e isso envolve um lado emocional de ser. Você tem que entender o que cada aluno seu quer e entregar pra ele um treino que se encaixe nos objetivos dele.
Eu mudei muito. Quando comecei a correr, pesava muito, então foi um processo de evolução. A diferença da minha primeira Volta da Pampulha para a segunda foi grande. Tanto em relação ao meu peso quanto ao tempo. Eu fui atleta a vida toda e foi isso que me ajudou. Mesmo estando mais pesado, alcançava resultados consideráveis. Muitas coisas mudaram pra melhor e algumas coisas pra pior. A idade também atrapalha um pouco. Chega um ponto que você começa a brigar pra fazer marcas que você já teve, mas pra manter aquela marca. Uma coisa era o Volnei com 30 anos, outra coisa sou eu hoje com 43.
Dicas:
…para quem tá começando
A primeira coisa que essa pessoa deve pensar é procurar uma assessoria, ter o apoio e o acompanhamento de um profissional capacitado para analisar o que ela precisa. Acho que também é importante ter um objetivo e seguir a programação, cumprindo com as metas que você se propôs a fazer.
…pra quem já está na estrada
Para aqueles que pretendem fazer uma primeira maratona ou alguma prova de cinco ou dez quilômetros eu aconselho a mesma coisa. Estabelecer metas, cumprir o que for proposto e realizar por prazer, não fazer nada por obrigação. Isso deve partir de dentro da pessoa, faça o que você quiser, por prazer e não por pressão