O crescimento da corrida no Brasil vêm ocorrendo significativamente com o passar dos anos e a adesão desse esporte por parte do público feminino só mostra a capacidade das mulheres de conquistarem tudo o que elas desejam com força de vontade e muito talento.
Atualmente, o Brasil é um dos poucos países em que a corrida está em ritmo significativo de crescimento, índice que varia entre pessoas que correm apenas por diversão e pessoas que correm para se manterem em forma. De acordo com uma pesquisa realizada em junho deste ano pelo Jornal O Globo, o Brasil contabiliza um aumento de 20% de participação anual em provas, contra um decréscimo mundial de 13% desde 2016.
Além disso, a participação feminina nos esportes em geral se expandiu bastante e a corrida não ficou de fora. Dados ainda do Jornal O Globo informam que em 1986, as mulheres somavam 20% no âmbito da corrida amadora e, em 2018, esse número elevou-se significativamente para 50,24%.

Com o objetivo de manter esse número cada vez mais alto e confirmar a representatividade feminina em todas as esferas da sociedade, muitas corredoras vêm superando todos os dias as próprias expectativas e provando sua capacidade de realizar conquistas que só elas sabem o quanto são importantes. Alice Ferraz, 29 anos, entrou na HF em 2015 com um objetivo em mente: correr a meia maratona do Rio. As “blusinhas vermelhas”, marca registrada da assessoria, chamaram sua atenção de longe e a impressionaram pelo ritmo de corrida. Desde então ela resolveu procurá-los, e a partir daí não parou mais de correr. Naquele mesmo ano, correu a meia do Rio com tempo abaixo de duas horas, sem meta definida. Queria apenas completar a prova, pois, também, não tinha muita noção de distância. “Para mim, completar a prova foi uma realização pessoal, por mais que tenha tido erros de iniciante, a gente se emociona. Depois que voltei da meia maratona, queria fazer mais coisas. Tem pessoas que não gostam, mas, ou você traumatiza ou você ama e continua treinando”, conta a jovem.
Com uma constante vontade de buscar novas experiências sem deixar o bem estar físico e mental de lado, Alice resolveu fazer algo que a marcaria para sempre.E em 2017, foi para a maratona de Amsterdã sozinha. Mas, antes de partir, ainda nos longos seis meses de preparação, ela afirma que começou a se envolver mais com outras pessoas que também fariam outras maratonas na mesma época e que estavam treinando forte com esse objetivo. E isso, com certeza, fez muita diferença no resultado. “Eu consegui um tempo bom, por ser a minha primeira maratona, eu fiz em três horas e quarenta e três, sozinha”, lembra. As lágrimas a acompanharam desde o início. Algo que no começo era ansiedade, aos poucos foi se transformando em alívio e gratidão por aquela oportunidade fantástica. Além de ter alcançado essa conquista muito especial, ela conta que se sentiu muito feliz em conhecer pessoas de diversas partes do mundo que por acaso se uniram em um só local, por uma paixão em comum: correr. “Fiquei apaixonada pelo sentido da corrida. Cada pessoa vai correr por alguma coisa sabe, eu achei aquilo sensacional”, diz.
A segunda maratona foi realizada no ano seguinte, no Rio. Uma prova muito diferente e muito difícil, como lembra Alice. As condições climáticas não ajudaram muito e o resultado ficou aquém do que ela gostaria. “Ainda assim foi uma prova bacana porque fui com amigas e a experiencia valeu a pena”, lembra.
Não satisfeita com essa bela conquista, a atleta foi em busca de novos desafios e conseguiu unir o útil ao agradável na Maratona de Montreal. “Minha irmã se mudou pro Canadá, aí eu dei sorte, porque eu fui quinze dias antes, como minha irmã mora lá eu fui e consegui me adaptar, treinei lá, enfim. No dia da maratona eu peguei frio, mas eu peguei muito calor antes disso”. Ela confessa que apesar de ter feito frio no dia da maratona, foi lá que ela fez o seu melhor tempo de corrida e a sensação de ter a irmã esperando na linha de chegada, foi indescritível.
As grandes conquistas são significativas e de muito peso, entretanto as provas pequenas são de extrema importância para adquirir experiências e auxiliar no aumento do volume de corridas. Acordar cedo para os treinos e manter uma alimentação saudável também são hábitos necessários para manter um bom ritmo de desempenho. “Eu nunca tinha feito uma prova de dez quilômetros e precisava de mais experiência de prova. Resolvi fazer o Circuito das Estações e tive uma surpresa muito boa,consegui pegar o pódio. Foi uma motivação, também, no meio do meu ciclo de treinamento ter acontecido isso, aí eu vi que realmente eu consigo, eu posso fazer outras provas e ir bem”, explica. A experiência do pódio, que nem passava pela cabeça da atleta, serviu como um grande incentivo e a fez acreditar mais ainda que continuar com sua disciplina e resiliência estão sendo pontos positivos para cruzar a linha de chegada do sucesso com mais rapidez.

Praticar corrida exige um trabalho mental significativo. Não necessariamente no primeiro dia de treino você já vai se apaixonar pelo esporte e a persistência deve ser a sua maior companheira quando o cansaço e as dores começarem a incomodar. Nem todos os dias são gloriosos no mundo da corrida. Não é sempre que você vai bem em uma prova, “você vai do céu ao inferno, mas eu recomendo pra todo mundo”, descreve a atleta que demonstra muita satisfação e alegria em relatar toda a sua vivência nessa prática.
Quando se consegue cumprir seus objetivos com êxito , a vontade de fazer mais planos é cada vez maior e Alice não esconde isso. A atleta se preparou muito para correr a maratona de Porto Alegre e tentar o índice para Boston. A meta era realizar o percurso abaixo de três horas e trinta. “A maratona de Montreal, eu fiz em três horas e trinta e cinco, que era o índice pra Boston em 2018 e eu achei que já estaria credenciada para em Boston em 2019. Só que eles mudaram o corte e agora é três horas e trinta”. Mesmo sabendo que esses cinco minutos fazem uma grande diferença em sua faixa etária, ela não descansaria enquanto não conseguisse o tão desejado índice.
E mais uma vez, ela se superou. Alice fez o seu melhor tempo em maratonas (3h.23min.17s) e conseguiu se credenciar para a maratona de Boston que acontecerá em 2020. Mais desafios vêm por aí e a jovem se mantém firme no objetivo de enfrentá-los e sair vitoriosa.
“A vida muda muito, correr é uma terapia… Se me falassem há uns seis anos atrás que eu iria fazer uma maratona em Amsterdã, Montreal, eu não acreditaria. Eu nunca parei de correr, eu sinto falta, faz parte da minha vida mesmo”, finaliza.